O turismo é saúde, é aventura, é lazer, é culto, é cultura, é um passaporte para a paz, é propício ao amor, é um caminho para a solidariedade, é negócio!
O turismo é, portanto, um caminho para a felicidade, o rumo para o sucesso de um País maravilhoso que descobriu o mundo, e que precisa de maior confiança e aposta para o acolher!
O turismo é, assim, parte integrante desse sonho que lhe desejo…
Feliz Natal e um ano de 2012 incrível!
24 de dezembro de 2011
3 de dezembro de 2011
2 de dezembro de 2011
JORNADAS CULTURAIS DE PENAFIEL. A RELAÇÃO TURISMO-CULTURA!
A Associação dos Amigos do Arquivo Municipal de Penafiel promoveu as Jornadas Culturais subordinadas ao tema “Os arquivos e a história nobiliárquica”, nos dias 25 e 26 de Novembro - iniciativa, de grande interesse, que motivou a presença de cerca de 100 participantes.
Contou com 19 oradores, convidados, integrados em 5 painéis, desde docentes universitários e, também, de outros graus de ensino (mestres, doutorandos e doutorados), técnicos municipais, centrais (Arquivo Nacional da Torre do Tombo), vereadores, um advogado, e uma bancária.
Porque uma iniciativa desta índole, não é, nem pretende ser “estática” ou reactiva, mas antes, desejavelmente, pró-activa, motivou pesquisa e gerou conhecimento, assim como permitiu acontecimentos, entre os quais, se destaca, o facto da Honra de Barbosa [que já tive o privilégio de visitar] manifestar interesse em ceder o seu espólio ao Arquivo Municipal, visando o seu tratamento e salvaguarda. É de ter presente que a Honra de Barbosa é um marco incontornável do poder senhorial na região e com extrema ligação à fundação da nacionalidade, pertencendo a D. Mem Moniz, irmão de D. Egas Moniz - Aio de D. Afonso Henriques. É oportuno salientar que o primeiro nobiliário, o chamado “Livro Velho” (Séc. XIII) demonstrou as relações de parentesco que uniam as linhagens da grande nobreza de Portugal na Idade Média: Sousas, Braganções, os da Maia, os de Baião e os de Riba Douro - indicadas como as principais responsáveis pela conquista da nacionalidade Portuguesa.
As jornadas, incluíram visitas a locais de interesse cultural e turístico: Museu Municipal de Penafiel, Quinta da Aveleda, e às Obras do Fidalgo, em Vila Boa de Quires, Marco de Canaveses!
De acordo com o presidente da associação dos Amigos do Arquivo Municipal de Penafiel – José Carlos Meneses:
“O Arquivo Nacional da Torre do Tombo clarificou a sua situação e a forma como lida com os arquivos de família. Braga e Arcos de Valdevez assumiram exemplos de tratamento arquivístico familiar nobre. Penafiel salientou a Quinta da Aveleda, que fica on-line no próximo dia 5 de dezembro. A Honra de Barbosa, na freguesia de Rans, contém elementos do poder senhorial (casa da câmara, pelourinho, cadeia…) de elevada valia histórica; está na disposição de ceder o espólio ao Arquivo Municipal para o inerente tratamento. (…) Há uma evolução muito favorável no espectro dos arquivos de família, fundamental para percebermos como se ergueram as residências e as capelas particulares (com a sua talha e imagens de feição erudita e popular) das elites locais”.
José Carlos Meneses, acrescentou ainda, que as jornadas beneficiaram do empenho da Câmara Municipal de Penafiel no apoio logístico, e na presença activa nas mesmas. De facto, Alberto Santos, Presidente da Câmara, realçou, na abertura, a importância de eventos do género para Penafiel e para a região, servindo objectivos comuns dos cidadãos e dos autarcas. Susana Oliveira, Vereadora do Pelouro da Cultura, encerrou as Jornadas com a convicção de que "se dignificou uma área em emergência: a relação dos arquivos com a história das terras, um bilhete de identidade a explorar crescentemente".
Estive presente no dia 26, para apresentar, com grato prazer, a minha comunicação. Registo o elevado interesse das várias comunicações, salientando a de José Manuel Tedim, reputado historiador de Arte e Vice-Reitor da Universidade Portucalense, não só pelo interesse da temática “Casamento régio no séc. XVIII – a troca das princesas no Caia em 1729”, mas, e sobretudo, pela forma como foi apresentada. O Doutor Tedim é um exemplo de como se pode falar [com profundo conhecimento] de história de forma entusiasta e criativa, com visão, com clara vocação para transportar o passado para o interesse do presente, e de projecção para o futuro. É, efectivamente, um excelente comunicador e contador de histórias – um exemplo que interessa a quem, como eu, percebe que a identidade cultural do País é imprescindível para saber “quem somos, quem queremos e podemos ser”. Apreciei, ainda, a comunicação pela vocação manifestada para o sector que poderá sustentar a cultura: o TURISMO!
No que se refere à minha comunicação, com o tema “A relevância das Casas Solarengas para o Turismo do Porto e Norte - Oportunidades e Tendências no quadro do turismo cultural e criativo!”, visou demonstrar a importância da existência de um forte potencial de património, material e imaterial, associado às Casas Solarengas, que encontra no turismo a oportunidade para garantir: recuperação, preservação, conhecimento, rentabilidade. Exactamente, falamos do necessário desenvolvimento sustentável! Que interesse terá dissertar sobre a relevância do património se, simultaneamente, não se encontrarem formas de o “mostrar” e de o “auto-sustentar”? Os financiamentos de que os imóveis, em boa hora beneficiaram – sobretudo no âmbito da iniciativa comunitária LEADER, serão cada vez mais escassos, não obstante as novas oportunidades, sobretudo no âmbito do PROVERE do Minho IN. E, diga-se - é errado, esperar-se uma “subsídio – dependência”, ou seja revelar uma “visão míope”!
A Região Norte, possui indubitavelmente um conjunto de solares que representam uma oferta de grande importância para o turismo, quer pelo interesse arquitectónico e pela marcada identidade nobiliárquica, quer pelos outros produtos que se lhe associam: heráldica, arte de trabalhar o ouro, arte topiária e jardins históricos, pintura, azulejaria, trajes, mobiliário, agricultura, gastronomia e vinhos, lendas, paisagens, entre muitos outros conhecidos e a descobrir.
De acordo com o INE (2010), o Norte possui 40 % da capacidade de alojamento de Turismo em Espaço Rural (TER) e Turismo de Habitação (TH) em Portugal, sendo 50% em TH. O TER/TH representava em 2010 (INE), 2,7% da capacidade nacional de oferta de alojamento: 484.000 camas.
De 496 casas (TER/TH) classificadas no Norte, apenas 65 integram a TURIHAB, associação de TER/TH de âmbito nacional que promove os seus associados nas principais feiras internacionais de turismo, que obteve certificação de qualidade pelas normas internacionais e pela APCER, que possui mérito reconhecido aos níveis nacional e internacional, que trabalha em rede – tendo o portal CENTER como central de reservas. Em termos de cooperação internacional, é de registar que a TURIHAB foi fundadora (1996) do consórcio europeu “Europa das Nações” (começando com 5 Países), cujo projecto ficou concluído em 2006, integrando 11 Países: Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Áustria, Reino Unido, Irlanda, Holanda, Eslovénia e Hungria. Numa visão transatlântica, e no âmbito do mesmo projecto europeu, Portugal integra, também, com outros Países europeus, uma ligação às Fazendas do Brasil – mercado a explorar cada vez mais por Portugal. Através dos portais referidos é possível obter toda a informação dos empreendimentos e fazer a reserva on-line!
E termos de procura TER/TH, de salientar que o turismo rural com 147 mil dormidas e o turismo de habitação com 103,4 mil, representaram conjuntamente 48% do total de dormidas em 2008 (Turismo de Portugal). Registe-se que o INE não apresenta quaisquer dados estatísticos sobre estas tipologias de empreendimentos, contrariamente aos restantes, depreendendo-se problemas na obtenção de dados, salvo melhor opinião. Nas regiões do Centro, Alentejo e Norte, o mercado nacional ocupou posição maioritária, com quotas de 74%, 65% e 64%, respectivamente. Na Madeira, onde os residentes no estrangeiro lideraram com 90% do total de dormidas. O Norte, representa um maior número de dormidas, mas revela baixas taxas de ocupação (exemplo TH – 9,7%), e uma forte sazonalidade (picos de procura entre Junho e Agosto), contrariamente ao Alentejo que, embora não tenha taxas de ocupação interessantes, apresenta resultados bem mais favoráveis.
Em termos de mercados emissores, destaca-se a Alemanha que gerou 58 mil dormidas em 2008 e, obteve uma quota de mercado de 25%. Mas, representou menos 23% (-18 mil dormidas) em relação ao período homólogo de 2007. Verificou-se uma diminuição da procura em todos os mercados! Espanha, Holanda, Reino Unido e França são outros mercados importantes, embora se verifique significativa diversidade na procura, pois os outros mercados representaram 28%.
O Turismo Cultural obteve o maior crescimento no contexto internacional, passando de 200 milhões de turistas em 1995 para 350 milhões em 2007, e destacando-se como o mercado que mais receita gera por viagem - como destacou Greg Richards, recentemente, em Setembro deste ano, no I Congresso Internacional da Rota do Românico.
Mas, a existência de uma oferta, dominante, demasiado “focalizada” - abordagem estática e standard, ou seja “inibida” de criar diferenciação, exigia novas dinâmicas - o turismo criativo!
Com forte vertente cultural, o turismo criativo é um conceito dinâmico que vai ao encontro das actuais motivações turísticas, e sobretudo das tendências, de procura de experiências em que o turista participa activamente, em que não é um “mero espectador”.
O turista é parte vital do produto, dinamizando-o, diversificando-o, inovando-o – valorizando-o! Este novo turista quer viver experiências que o integrem, que o envolvam, que o enriqueçam, que o divirtam, que o libertem de algo, que… [não há limite se houver imaginação e criatividade]!
Sugere-se, assim, um modelo de turismo criativo para os solares, que assente em duas dimensões criativas, uma ligada aos produtos (mais tangíveis) e outra ligada às experiências (mais intangíveis e holísticas), que permita com base no planeamento e organização em rede, representar uma oferta diferenciadora respondendo não só a motivações de visita (solar, visitas culturais, animação de base), mas que acrescente valor, respondendo ou antecipando motivações de “experimentar”, “sentir”, “conhecer profundamente”, o que passa por dinâmicas criativas que, com base no autêntico/identidade, envolvam o turista em ateliers abertos (ex: ligados à arquitectura, à pintura, ao ouro, à topiária, aos trajes, à gastronomia e vinhos), em eventos temáticos (ex: recriação de vivências nos solares), assim como em workshops científicos (ex: história nobiliárquica, arquitectura dos solares).
O nosso património cultural e natural são recursos insubstituíveis da vida e da inspiração (…) (http://whc.unesco.org/en/about).
Um último apontamento. Se é verdade que o turismo para os solares é de nicho, é verdade também que num mercado cada vez mais globalizado, em crescente proximidade entre oferta e procura, um nicho poderá ter a dimensão de um segmento!